Praça do Relógio

Queridos amigos

Como sabem evito fazer comentários ou partilhas de teor mais político. A necessidade de prudência impera sobre o desejo de dar a conhecer aquilo que se passa ou se passou por esta terra onde a injustiça parece ser a palavra de ordem, e a inevitabilidade da dor e da perda um imperativo.

Não tenho feito comentários políticos e não o vou fazer hoje, mas quero partilhar "um lugar": a praça do Relógio em Homs, onde se impõe um monumento às horas. Um monumento recentemente reconstruído, de horas irreversivelmente dissolvidas em desesperança. Em cada cidade há "um lugar" como a Praça do Relógio, que joga com memórias de vitórias e derrotas, e de vidas arruinadas no tempo de um minuto... oito anos de infindáveis minutos!!!


Há oito anos floresceu neste lugar a expressão de um sonho que ansiava vencer a opressão. Um expressão que se queria pacífica, mas a resposta - e a contra resposta e as respostas sucessivas ceifaram o sonho e levaram a uma escalada que colocou a Síria num ranking indesejável e inimaginável. 

Esta praça foi completamente destruída, assim como os bairros que a circundam até às periferias da cidade! Depois de tomadas e retomadas foi recontruída… apenas a praça e o relógio foram recontruídos e passsou a ser símbolo de vitória para uns, e de derrota para outros! No entre (e para todos!) símbolo de horas desaparecidas debaixo de fogo e de morte onde o tempo parou em intermináveis horas, dias, meses e estações!

O relógio recontruído e afinado com o tempo não evita a memória de um futuro que foi roubado. À volta, a cidade continua a recordar o futuro impossivel. Vale o tempo que nos move na esperança de um amanhã onde o futuro insha'alla nos espera!

E é neste hoje, e nessa Esperança que vos abraço, desde da Praça do Relógio

G.

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