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A lua de Damasco corre no meu sangue

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Porque o meu coração já lhe pertence um pouco, e no meu sangue corre a lua de Damasco, partilho um extrato - em árabe e em inglês- de um poema do poeta sírio Nazir Qabbani (1923-1998). قمر دمشقي يسافر في دمي وبلابل .. وسنابل .. وقباب الفل يبدأ من دمشق بياضُه وبعطرها تتطيب الأطياب والماء يبدأ من دمشق .. فحيثما أسندت رأسك جدول ينساب والشعر عصفور يمد جناحه فوق الشام .. وشاعر جواب والحب يبدأ من دمشق .. وتشد للفتح الكبير ركاب والدهر يبدأ من دمشق .. من أين يأتي الشعر؟ ماذا أقول ؟  سراً .. و ملكٌ .. وهم في بابه حُجَّاب A Damascene moon travels through my blood Nightingales… and grain… and domes. From Damascus, jasmine begins its whiteness And fragrances perfume themselves with her scent. From Damascus, water begins … for wherever You lean your head, a stream flows And poetry is a sparrow spreading its wings Over Sham … and a poet is a voyager From Damascus, love begins… From Damascus, eternity begins… Where does poetr

Praça do Relógio

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Queridos amigos Como sabem evito fazer comentários ou partilhas de teor mais político. A necessidade de prudência impera sobre o desejo de dar a conhecer aquilo que se passa ou se passou por esta terra onde a injustiça parece ser a palavra de ordem, e a inevitabilidade da dor e da perda um imperativo. Não tenho feito comentários políticos e não o vou fazer hoje, mas quero partilhar "um lugar": a praça do Relógio em Homs, onde se impõe um monumento às horas. Um monumento recentemente reconstruído, de horas irreversivelmente dissolvidas em desesperança. Em cada cidade há "um lugar" como a Praça do Relógio, que joga com memórias de vitórias e derrotas, e de vidas arruinadas no tempo de um minuto... oito anos de infindáveis minutos!!! Há oito anos floresceu neste lugar a expressão de um sonho que ansiava vencer a opressão. Um expressão que se queria pacífica, mas a resposta - e a contra resposta e as respostas sucessivas ceifaram o sonho e levaram a uma esc

Grandezas

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Queridos Amigos Aqui estou uma vez mais a falar do que vou vivendo neste deserto incrível de horizonte e beleza. Conseguimos fazer uma reunião inigualável. Reunimos pouco mais de 100 pessoas dos 200 que constituem neste momento o staff do JRS Syria . De Damascus, de Homs e de Aleppo, chegámos com histórias (tantas) para contar, com o desejo de nos conhecermos e de fortalecer o sentido de missão comum. E porque? Porque desejávamos; porque precisávamos; porque a situação permite agora viajar e porque queríamos celebrar juntos os 10 anos a Acompanhar, Servir e Defender os "nossos". Apropriámo-nos dos trabalhos, das fadigas e das alegrias uns dos outros e sobretudo sonhámos juntos um amanhã de esperança. Eu fiquei mais pequenino diante de tanta grandeza, mas o meu coração ficou maior! É nesse jogo de grandezas que  vos abraço com amizade e saudade G.

Ser horizonte é ser dor e lamento!

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Queridos Amigos Há dias escutei uma música/canção cuja letra em português seria qualquer coisa como: Onde tudo começa com uma centelha de vida  acontece também a primeira dor e o primeiro lamento do espírito. A vida parece mostrar que é verdade! Quando há um novo nascimento há uma dor intrínseca e inevitável que vem associada a esse novo nascimento! Talvez seja essa dor que nos faz agarrar a vida que começa ou recomeça! Se isto é verdade, pergunto-me se será também verdade o contrário. Quando há uma dor - às vezes impossível de conceber - será que uma nova vida está a começar?! E será que a medida da dor corresponde à grandeza do que virá!? E a força do lamento ao vigor de um futuro?! Se isto é verdade - e rezo para que seja - então, eu com os "meus", podemos esperar de coração aberto o horizonte, porque trará uma vida de uma grandeza inefável. aurora no deserto Badiyat Al-Sham, Síria. E volto à minha passagem no deserto que partilhei no primeiro post &quo

Capharnaum

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Queridos Amigos Uma simples&grande partilha a propósito do filme: Capharnaum   ! Talvez alguns já tenham visto. Se não viram,  aconselho vivamente. E não é por uma questão de entretenimento, não entretém, pelo contrário, somos levados a um  lugar de crueza da vida humana. E às vezes temos que lá ir, para que a vida nos faça perguntas, o nosso coração possa encontrar caminhos de resposta e o nosso espírito se abra ao mistério da vida humana. Mas esta partilha não é uma analise cinematográfica é um convite a perceber melhor o Capharnaum que faz parte dos meus dias. fotografia: telhados em Jeramana, Damasco. Sei que muitos se perguntam (e me perguntam) como é a minha vida aqui; que emoções, esperanças e desilusões habitam o meu quotidiano? Tenho sempre dificuldade ao tentar explicar o que vivo e como me vou sentindo. Pois bem, a experiencia de ver de corpo inteiro o filme Capharnaum talvez vos possa dar uma luz do que vivo em amor pelos "meus". Para além do cenár

Visitas Pascais!

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Queridos Amigos Votos de uma Santa Páscoa! Parece mentira! Mas lá vai toda uma "quaresma" desde a última vez que partilhei convosco os meus passos nesta terra de paixão! Não que não tenha nada para dizer, pelo contrário. Muitos sinais de esperança e de Páscoa foram "visitando" os nossos dias. Partilho apenas dois sinais que coincidem no tempo. A celebração do 5º aniversário da morte do P. Franz Van der Lugt, que o Ponto SJ teve oportunidade de dar a conhecer; e a visita do P. José Frazão, Provincial dos Jesuítas Portugueses. Obrigado querido P. Provincial por nos teres trazido (a mim e aos "meus") o conforto da tua companhia, do sentimento de união à província, da sintonia na missão (a minha missão que também é tua e dos nossos companheiros jesuítas) e a confirmação do sentido que faz estar aqui. Eu, bem como os "meus", estamos muito agradecidos e fortalecidos pela tua visita! Obrigado! E fortalecido também pela certeza da Ressur

Quaresma na Síria

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Queridos Amigos Há dias, numa troca de mensagens caí na conta de que se aproximava o carnaval (e consequentemente a Quaresma!) e eu estava a milhas!  Ou talvez não! Senti-me um pouco envergonhado. Como é que este tempo tão importante no ritmo da vida espiritual me estava a escapar? Ou, estaria eu a escapar-me a este tempo? Para onde é que eu estaria a olhar?  Depois, apercebi-me que talvez estivesse a olhar para o lugar certo! Afinal, eu já sou sírio como os "meus" insistem em dizer vezes sem conta. Não, não sou sírio, mas a verdade é que me sinto imerso de corpo inteiro entre os "meus". E aqui há um outro olhar (ou olhares) sobre o ritmo da vida espiritual! Primeiro, porque a minoria cristã (menos de 2%) está dividida em quase-incontáveis denominações e cada uma com um calendário diferente. Dentro da minoria cristã, a igreja Latina  (como é conhecida) é quase inexpressiva;  mesmo entre os meus irmãos jesuítas. Eu sou o único "latino" por